A famosa e exclusiva marmelada branca de Odivelas, distingue-se de todas as outras pela sua original cor branca (ou quase) e era oferecida noutros tempos aos convidados e visitantes do Mosteiro, sob a forma de pequenos cubos e comida como se de um bolo se tratasse.
Foi recentemente registada como marca coletiva pelo Município de Odivelas em parceria com a Associação Empresarial de Comércio e Serviços de Loures e Odivelas, sob a designação de “Marmelada Branca de Odivelas“, sendo igualmente criada uma secção de produtores qualificados deste doce celestial, bem como a “Confraria da Marmelada de Odivelas“.
Confecionado desde sempre pelas freiras Bernardas, muito embora a extinção das Ordens Religiosas em 1886, conseguiu chegar até aos nossos dias através de um caderno de apontamentos de receitas da última monja deste mosteiro, D. Carolina Augusta de Castro e Silva, falecida em 1909.
Este caderno foi deixado pela monja à sua afilhada D. Virgínia Adelaide Simões dos Santos que muito generosamente passou este legado para a sociedade civil, estando assim agora ao alcance de todos, com a publicação desta e outras 208 receitas em livro editado em 1999, pela Verbo Editora com o título “O Livro de Receitas da Última Freira de Odivelas“.
Após o encerramento do Mosteiro, soube-se através de antigas alunas do Instituto de Odivelas dos anos 20/30 do século passado, que a marmelada ainda continuou a ser confecionada, pela então mulher do porteiro deste Instituto, a Sr.ª Gertrudes, que provavelmente recebeu a receita oralmente.
Como o Instituto não comercializava, a marmelada branca era então vendida nas pastelarias da região, em pequenas caixas de cartão, dentro das quais vinha uma poesia que originou a “Cantiga de Odivelas” (ver em curiosidades).
É referido pelas alunas da época que em jeito de remate, ao almoço era sempre servido um pão com marmelada e uma chávena de café, deixando este costume de se cumprir após a morte de D. Gertrudes, até que algumas alunas voltaram a confecioná-la de modo a angariarem fundos para uma organização de solidariedade de ajuda às crianças pobres.
Mesmo após o encerramento do Mosteiro, este ainda assim continuou a desempenhar uma nobre missão, contribuindo com os mais necessitados, bem como na educação de muitas gerações.
Transcreve-se abaixo e na íntegra a receita original da Marmelada Branca escrita em português arcaico tal como foi escrita pela freira e publicada em “O Livro de Receitas da Última Freira de Odivelas“.
Marmelada Branca de Odivelas
Em português arcaico
Vão-se esbrugando* os marmelos e/ deitando-os em agoa fria. Põe=se/ a ferver em lume forte, estando/ bem cozidos se passão por peneira/ Para 1 Medida de massa, 2 Medidas de Assucar/ em ponto alto de sorte que deitando/ uma pinga na agoa coalhe: tira=se o/ táxo do lume e se lhe deita a massa/ muito bem desfeita com a colher: Torna ao lume até levantar empôlas**/ tirasse para fóra e se bota até esfriar,/ para se pôr em pratos a secar.
*Descascando; ** Bolhas
Marmelada Branca de Odivelas 
Em português corrente
Ingredientes:
Marmelos
Açúcar, o dobro do peso dos marmelos
Vão-se descascando os marmelos e deitando-os em água fria.
Cozem-se muito bem em lume forte e depois passam-se por uma peneira.
Para 480 gramas de massa obtida, juntar 960 gramas de açúcar em ponto alto, de forma a que deitando uma pinga na água coalhe; De seguida tira-se o tacho do lume e deita-se-lhe a massa muito bem desfeita com a colher; regressa ao lume até fazer bolhas, tira-se para fora e deixa-se arrefecer, para depois pôr em taças a secar.