Para além do fundador, El Rei D. Dinis e sua mulher D. Isabel de Aragão, estão associadas a este mosteiro diversas outras personalidades e figuras históricas, destacando-se a rainha D. Filipa de Lencastre, que aqui faleceu após a batalha da Alfarrobeira e a conhecida irmã de D. João II, a princesa Santa Joana vivendo segundo as rígidas normas do ideal ascético.
De entre tantas outras personalidades históricas destacam-se as seguintes:
D. Isabel de Aragão / Rainha Santa Isabel
D. Filipa de Lencastre
Santa Joana Princesa
D. Afonso VI
D. João V
Madre Paula de Odivelas
Gil Vicente
Visconde Almeida Garrett
D. Isabel de Aragão / Rainha Santa Isabel
Saragoça, 04-01-1271 – Estremoz, 04-07- 1336
Filha mais velha do rei Pedro III de Aragão e de Constança de Hohenstaufen (princesa da Sicília), Isabel casou-se aos 11 anos por procuração com D. Dinis em Barcelona, resultando desta união dois filhos, Constança e D. Afonso IV.
Devido à sua enorme bondade, generosidade e devoção, ficou com a fama de Santa ainda em vida, sendo beatificada e posteriormente, canonizada.
Reza a lenda, que numa manhã de Janeiro, saindo a rainha do Castelo de Estremoz, para distribuir pães aos pobres. Foi abordada pelo rei, que lhe questionou onde ia e o que levava no regaço, ao que a rainha, surpreendida exclamou: “São rosas, Senhor!”
D. Dinis, desconfiado voltou a questionar: “Rosas, em Janeiro?”.
E perante tão óbvia dedução, D. Isabel sente-se no dever de mostrar o conteúdo do regaço do seu vestido, sendo que ao invés dos pães que ocultara, nele havia realmente rosas.
Filipa de Lencastre
Lincolnshire, 03/1360 — Lisboa, 19/07/1415
Tornou-se rainha de Portugal por casamento com o rei D. João I, do qual nasceram os filhos, Branca de Portugal, Afonso de Portugal, Duarte I de Portugal, Pedro, Duque de Coimbra, Henrique, Duque de Viseu, Isabel, João, Infante de Portugal e Fernando, o Infante Santo.
Mulher muito culta, instruída e de hábitos requintados adquiridos na corte inglesa, é retratada como generosa e amada pelo povo.
O casamento entre Filipa e D. João I em Fevereiro de 1387 selou a aliança luso-inglesa, face à independência portuguesa de Castela.
Refugiou-se no Mosteiro de Odivelas, para fugir à peste que assolava Lisboa, onde viria a falecer, rodeada pelos infantes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique antes da partida destes para Ceuta. Foi sepultada no antecoro do Mosteiro e um ano depois foi transladada para o Mosteiro da Batalha.
Santa Joana, Princesa de Portugal
Lisboa, 06/02/1452 — Aveiro, 12/05/1490
Filha de D. Afonso V e de sua primeira mulher, D. Isabel, foi regente do reino em 1471 durante a expedição do rei seu pai e jurada como princesa herdeira da coroa portuguesa até ao nascimento do seu irmão, o futuro rei D. João II, do qual foi grande apoiante.
Pelas suas virtudes, o povo considerava-a de Santa, rendendo-lhe culto ainda em vida, embora oficialmente seja reconhecida pela Igreja Católica com Beata.
Recusou várias propostas de casamento porque o seu maior desejo era consagrar-se a Deus, embora nunca tenha chegado a professar votos de freira.
Esteve primeiro no Mosteiro de Odivelas durante alguns anos, na companhia de sua tia, D. Filipa de Lencastre. Mais tarde entrou para o convento dominicano de Jesus em Aveiro, onde viria a falecer.
D. Afonso VI
Lisboa, 21/08/1643 — Sintra, 12/09/1683
Nascido como Infante de Portugal, não estava destinado a reinar, nem tão pouco havia sido preparado para tal.
Foi a morte prematura de seu irmão, o príncipe D. Teodósio de Bragança (filho primogénito de D. João IV e D. Luísa de Gusmão) que o catapultou para o trono.
D. Luísa de Gusmão teve de assumir a regência do trono até que D. Afonso VI, com capacidade mental duvidosa, tivesse idade para governar, o que veio a acontecer em 1662.
Em criança, D. Afonso VI, havia sido vítima da “febre maligna” que lhe causaram deficiências físicas e mentais, com consequências na sua vida política, familiar e sexual.
Apesar das suas limitações, D. Afonso VI esforçou-se nas conquistas amorosas, vindo inclusive a frequentar o Mosteiro de Odivelas, onde se apaixonou por D. Ana Moura, a qual, em vão prometeu fazer rainha.
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D. João V
João Francisco António José Bento Bernardo de Bragança
Lisboa, 22/10/1689 — Lisboa, 31/07/1750
Filho de D. Pedro II e D. Maria Sofia de Neuburgo, subiu ao trono com 17 anos, por morte de seu pai, dando início a um período de estabilidade, com o aumento das receitas e do comércio, mantendo Portugal afastado das guerras.
Homem muito mulherengo e galanteador, casou em 1708 com D. Maria Ana (filha do Imperador Leopoldo I).
Foi o responsável pela edificação do Palácio-Convento de Mafra em 1717, como cumprimento de um voto que fizera pelo nascimento de seu primeiro filho varão, D. Pedro.
D. João V já tinha outros filhos bastardos (D. António, D. Gaspar e D. José, denominados “Meninos de Palhavã”) fruto da relação incestuosa que sempre manteve com Madre Paula do Mosteiro de Odivelas, do qual o rei foi um dos seus mais assíduos visitantes, também para apreciar a marmelada especialmente confecionada.
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Madre Paula de Odivelas
Paula Teresa da Silva Almeida
Lisboa 17/06/1701 – Odivelas, 04/07/1768
De ascendência alemã da parte do avô paterno e sendo a mais nova de três irmãs, por decisão de seu pai devido aos poucos recursos económicos deste, Paula com apenas 17 anos, seguiu o exemplo da irmã mais velha, Maria Micaela da Luz, juntando-se a esta no mosteiro.
Ali professou, após um ano de noviciado e formou-se Madre Superior, vindo a tornar-se na mais famosa habitante deste mosteiro, por ter sido a mais célebre amante do rei D. João V, aqui permanecendo até à sua morte, estando sepultada na casa do capítulo.
Chamada de ” Trigueirinha”, um dia respondeu a madre com uma quadra que se tornou célebre:
“Chamaste-me trigueirinha
Eu não me escandalizei,
Trigueirinha é a pimenta
E vai à mesa do rei!”
Na realidade era o rei D. João V que ia “à sua mesa”, tal como ao seu leito ali mesmo no mosteiro.
Consta que, talvez devido à consciência de ser a amante do rei e logo por isso faltar aos seus deveres de superior religiosa, ser uma pessoa extremamente arrogante, melindrosa e sempre com respostas sarcásticas e devastadoras.
Após da morte do rei D. João V, remeteu-se à clausura cumprindo plenamente os seus deveres de religiosa, embora continuando a usar os faustos aposentos que o rei lhe havia construído.
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Gil Vicente
Guimarães, 1466 – 1536 (?)
Poeta e dramaturgo é considerado como o fundador do teatro português, escreveu o “Auto da Cananéia” a pedido da Abadessa do Mosteiro de Odivelas, D. Violante Álvares Cabral.
Este Auto que foi encenado pelo próprio autor na igreja do Mosteiro em 1534, baseou-se no episódio bíblico relatado por São Mateus (15.21-28) em que uma cananéia (da Palestina, porém não judia) convence Jesus a libertar sua filha do demónio, contudo a sua obra mais conhecida é “A farsa de Inês Pereira”.
As suas obras marcaram historicamente a passagem da Idade Média para o Renascimento (século XVI).
Almeida Garrett
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett
Porto, 04/02/1799 – Lisboa, 09/12/1854
Escritor, dramaturgo, grande orador e uma das maiores figuras do romantismo português, foi também ministro e secretário de estado honorário e participou na revolução liberal de 1820.
Grande impulsionador do teatro em Portugal, propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II, do Conservatório de Arte Dramática e do Panteão Nacional. Por decreto do Rei D. Pedro V de Portugal, datado em 1851, Garrett é feito Visconde de Almeida Garrett.
Também ele, juntamente com outros poetas amigos, foi frequentador dos “Outeiros” que se realizavam no Mosteiro de Odivelas.